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O ano de 2014 será recordado em todo o continente pelos seus fenómenos meteorológicos extremos. Em maio, um ciclone de baixa pressão atingiu o sudeste da Europa, causando grandes inundações e 2 000 deslizamentos de terras na zona dos Balcãs. Depois, no início de junho, o norte da Europa foi atingido por várias chuvas torrenciais e em julho, o continente já estava a braços com outro problema: o calor. A Europa Oriental e o Reino Unido foram assolados por uma onda de calor.
Tanto os fenómenos meteorológicos extremos como as alterações graduais do clima — caso da subida do nível do mar e do aquecimento dos oceanos — irão continuar. De facto, prevê-se que eles se tornem mais frequentes e intensos no futuro. Mesmo que todos os países reduzissem hoje radicalmente as suas emissões de gases com efeito de estufa, a quantidade já emitida para a atmosfera continuaria a provocar um efeito de aquecimento no clima. Para além de reduzirem substancialmente essas emissões, é necessário que os países da Europa e do resto do mundo adotem políticas e medidas de adaptação às alterações climáticas.
As alterações do clima afetarão quase todos os aspetos da nossa vida. A maior intensidade e frequência da precipitação em muitas regiões europeias implicará a ocorrência de cheias graves e frequentes, destruindo casas e afetando outras infraestruturas (por exemplo, de transporte e de energia) nas zonas de risco. Noutras regiões da Europa, nomeadamente no sul, as temperaturas mais elevadas e a menor precipitação poderão causar secas em muitas zonas. Gerar-se-á, assim, competição entre a agricultura, a indústria e as famílias por recursos hídricos escassos, além de se multiplicarem os problemas de saúde relacionados com o calor.
As alterações climáticas também irão afetar os ecossistemas de todo o continente. Muitos sectores económicos dependem da saúde e da estabilidade dos ecossistemas, bem como dos diversos produtos e serviços que estes fornecem aos seres humanos. Por exemplo, as abelhas polinizam as culturas, enquanto as florestas absorvem gases com efeito de estufa. A alteração do equilíbrio das espécies e dos habitats nos ecossistemas pode ter um impacte enorme. A redução da precipitação no sul da Europa impossibilitará certas culturas e o aumento das temperaturas permitirá a eventual migração para norte de espécies exóticas invasoras ou transmissoras de doenças.
O aquecimento dos oceanos já obriga várias espécies de peixes a deslocarem-se para norte, aumentando, por sua vez, a pressão sobre o sector das pescas. Por exemplo, a migração para norte das populações de sardas agravou o problema já existente de sobrepesca do arenque e da sarda no Atlântico Nordeste.
Os fenómenos meteorológicos extremos podem causar perda de vidas e a suspensão da atividade económica e social nas zonas afetadas. A reconstrução dos imóveis e infraestruturas destruídos exige, muitas vezes, financiamentos avultados. No entanto, a maior parte dos prejuízos causados por fenómenos meteorológicos extremos nas últimas décadas não podem ser exclusivamente atribuídos às alterações climáticas. O desenvolvimento socioeconómico e as decisões de expansão das cidades para as planícies aluviais são as principais causas desses danos acrescidos, mas, se não forem adotadas medidas de adaptação, é previsível que os seus custos e os de outros efeitos negativos aumentem, à medida que o nosso clima continua a mudar.
As futuras alterações climáticas poderão ter custos muito elevados. Um estudo recente estima que, sem medidas de adaptação, o número de mortes causadas pelo calor pode chegar a cerca de 200 000 por ano na Europa em 2100, e o custo das cheias fluviais poderá ultrapassar 10 mil milhões de euros por ano. Caso as alterações climáticas sejam muito vastas e não sejam tomadas medidas de adaptação, os incêndios florestais poderão devastar uma área de aproximadamente 800 000 hectares por ano. O número de pessoas afetadas pelas secas também poderá multiplicar-se por sete, chegando a cerca de 150 milhões por ano, e os prejuízos económicos causados pela subida do nível do mar aumentariam para mais do triplo, atingindo 42 mil milhões de euros por ano.
Embora das alterações climáticas se devam esperar sobretudo custos acrescidos para a sociedade, é possível que também criem um número limitado de novas oportunidades, muitas vezes acompanhadas de novos riscos. No norte da Europa, os invernos mais quentes poderão reduzir as necessidades de aquecimento. Em contrapartida, os verões mais quentes aumentam o consumo de energia para arrefecimento. A fusão do gelo marinho permitirá a eventual abertura de novas vias no Ártico para o transporte marítimo e a consequente diminuição dos custos de transporte. Porém, um transporte marítimo mais intenso poderá expor o Ártico à poluição, devendo ser regulamentado para assegurar que seja seguro e limpo.
Independentemente dos impactes previstos, sejam eles o aumento da precipitação e da temperatura, ou a diminuição da água doce, os países europeus têm de adaptar a sua paisagem rural, as suas cidades e a sua economia a um clima em mudança, e de reduzir a nossa vulnerabilidade às alterações climáticas.
O termo «adaptação» abrange uma vasta gama de atividades e políticas destinadas a preparar as sociedades para um clima em mudança. Quando aplicadas, as políticas de adaptação podem reduzir os impactes e os danos materiais resultantes das alterações climáticas e preparar as sociedades para prosperarem e se desenvolverem nas novas condições existentes. Algumas destas medidas têm custos relativamente baixos, como é o caso das campanhas de informação sobre formas de nos mantermos frescos em tempo quente ou do sistema de alerta rápido para as ondas de calor. Outras medidas de adaptação podem ser muito dispendiosas, como a construção de diques e defesas costeiras (obras de construção frequentemente designadas por «medidas de adaptação cinzentas»), a deslocalização de habitações para fora das planícies aluviais ou a expansão das bacias de retenção para fazer face às secas.
Algumas medidas de adaptação utilizam métodos naturais para aumentar a resiliência de determinadas zonas às alterações climáticas. Entre essas «medidas de adaptação verdes» figuram a recuperação de dunas de areia para prevenir a erosão ou a plantação de árvores nas margens dos rios para reduzir as inundações. A cidade de Nijmegen, nos Países Baixos, aplicou medidas de adaptação verdes deste tipo. O rio Waal circunda e estreitase em torno de Nijmegen, sujeitando esta cidade costeira a cheias. Para evitar os danos consequentes, a câmara municipal está a construir um canal que dará ao rio mais espaço para circular, além de criar novos espaços naturais e de lazer.
O programa holandês «Construir com a Natureza» é outro exemplo de uma boa conjugação de medidas de adaptação «cinzentas» e «verdes», tendo promovido a recuperação de zonas húmidas costeiras tais como pântanos, canaviais, sapais e lodaçais. Estas zonas húmidas ajudam a prevenir o aluimento dos solos graças às estruturas radiculares das suas plantas e ao evitarem aluimentos nas zonas costeiras, protegem as áreas circundantes das inundações.
Outras medidas de adaptação consistem na utilização de leis, impostos, incentivos financeiros e campanhas de informação para reforçar a resiliência às alterações climáticas (as denominadas «medidas de adaptação ligeiras»). Uma campanha de informação realizada em Saragoça, Espanha, sensibilizou os 700 000 habitantes da cidade para a necessidade de utilizarem a água com parcimónia para sobreviverem às secas prolongadas que se preveem para esta região semiárida. Associado ao controlo das fugas da rede de distribuição de água, o projeto reduziu o consumo diário de água por habitante para quase metade do registado em 1980, e o consumo total de água da cidade diminuiu 30 % desde 1995.
A União Europeia e os seus Estados‑Membros já estão a trabalhar na adaptação às alterações climáticas. Em 2013, a Comissão Europeia adotou a comunicação «Estratégia da UE para a adaptação às alterações climáticas», que visa auxiliar os países a planearem as suas atividades neste domínio. A estratégia também promove a criação e a partilha de conhecimentos, e procura reforçar a resiliência de sectores fundamentais através da utilização de fundos da UE. Mais de 20 países europeus adotaram já estratégias de adaptação que descrevem as medidas iniciais que irão tomar (por exemplo, avaliação e investigação das vulnerabilidades) e a forma como tencionam adaptar-se a um clima em mudança. Porém, em termos de ações concretas no terreno, muitos países ainda estão numa fase muito incipiente.
Um inquérito da AEA sobre as medidas de adaptação revelou que a gestão da água é o sector prioritário para a maioria dos países, embora também canalizem recursos para fornecer informação aos seus cidadãos. Por exemplo, no âmbito dos seus esforços para reduzir a propagação de doenças transmitidas por insetos, a região de Emilia Romagna tem em curso uma campanha de sensibilização para os perigos da doença de Lyme, da febre de dengue e da febre do Nilo Ocidental.
Muitos países criaram plataformas online de adaptação-conhecimento para facilitar a partilha de experiências e boas práticas a nível transnacional, nacional e local. O portal Climate-ADAPT, gerido pela Agência Europeia do Ambiente e pela Comissão Europeia, constitui uma plataforma europeia de partilha de experiências.
Nas últimas décadas, os fenómenos meteorológicos extremos e as políticas da UE obrigaram os países europeus a darem mais prioridade às políticas e medidas de adaptação. No entanto, segundo um inquérito recente, muitos deles estão impedidos de tomar medidas por falta de recursos como tempo, dinheiro ou tecnologia. As «incertezas quanto à amplitude das futuras alterações climáticas» e as «responsabilidades pouco claras» também foram obstáculos apontados por um grande número de países.
Os efeitos das alterações climáticas variam de região para região. Os decisores políticos também têm dificuldade em incorporar alterações futuras em termos de riqueza, infraestruturas e população nos seus planos de adaptação às alterações climáticas. De que necessitará uma população cada vez mais envelhecida e urbanizada em matéria de transportes, habitação, energia, serviços de saúde, ou de simples produção alimentar, num clima em mudança?
A melhor forma de implementar as medidas de adaptação é integrá-las em todas as políticas públicas, em vez de a tratar como um domínio específico. No âmbito das suas estratégias de adaptação, os Estados‑Membros da UE e a própria União estão a procurar uma forma de integrar as preocupações que ela suscita em domínios como a agricultura, a saúde, a energia ou os transportes.
Os fenómenos meteorológicos extremos, em particular, demonstram que a não adaptação é uma decisão que sai muito cara e não constitui uma opção viável no médio a longo prazo. Por exemplo, é frequente as infraestruturas de transportes ficarem gravemente danificadas quando há inundações e, sempre que a circulação de pessoas, bens ou serviços é impedida, os custos indiretos para a economia podem ser várias vezes superiores aos custos diretos desses danos.
É claro que, à semelhança de muitos outros projetos de infraestruturas, a adaptação das infraestruturas de transportes é extremamente cara, além de poder ser dificultada devido ao sistema de transporte envolver diferentes grupos, que vão desde os fabricantes de veículos até aos gestores da infraestrutura e aos passageiros. Uma solução economicamente vantajosa é ter em conta as medidas de adaptação na própria construção ou renovação das infraestruturas, sendo que o orçamento da UE oferece diversas oportunidades de financiamento para projetos de infraestruturas.
Uma solução eficaz exige que se adote uma perspetiva mais ampla e a mais longo prazo, e que se integrem as alterações climáticas nas diversas políticas de promoção da sustentabilidade. No caso da adaptação às alterações climáticas, essa integração suscita questões sobre a forma como devemos construir as nossas cidades, transportar pessoas e produtos, abastecer de energia os nossos lares e fábricas, produzir os nossos alimentos e gerir o nosso ambiente natural.
É igualmente claro que uma combinação eficaz de medidas de adaptação e de mitigação pode contribuir para limitar os futuros impactes das alterações climáticas e assegurar que, quando eles chegarem, a Europa estará mais preparada e mais resiliente.
For references, please go to https://www.eea.europa.eu/pt/sinais-da-aea/sinais-2015/artigos/estamos-preparados-para-as-alteracoes-climaticas or scan the QR code.
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